Olá! Chamo-me Inês e penso em demasia sobre tudo e mais alguma coisa. Podem até achar piada mas na realidade este é um problema que tem vindo a requerer bastante de mim para aprender lidar da melhor forma com a coisa.
Recentemente recebi um comentário questionando o que fazia para me centrar e limpar a cabeça antes de começar a escrever. Assumo que esta pessoa sofra do mesmo que eu, e muitas pessoas criativas sofre, e por isso decidi partilhar convosco um pouco da minha visão sobre este assunto. Se tiverem interesse neste tema podem ainda dar uma espreitadela no artigo onde partilhei dicas pessoais sobre Como Superar um Bloqueio Criativo, pois ambos estão bastante interligados.
Então, eu penso muito, o tempo todo, sobre tudo e desde que me lembro de existir. Quando era criança, os meus professores queriam-me longe da janela para que me pudesse concentrar melhor no que quer que fosse que estava a fazer na sala de aula, porque de outra forma eu dispersava completamente por tanto quanto conseguisse, fosse apenas a olhar para as nuvens ou a ver o vento a fazer as folhas dançar lá fora. Ainda hoje em dia luto contra este problema, apesar de ter aprendido a contraria-lo na maioria das vezes. Uma das formas que me ajudou bastante a superá-lo é expressando o que me vai na alma, colocando por palavras num papel, ou neste caso na internet.
Quando me foi colocada esta questão tive de parar para pensar um pouco e cheguei à conclusão que para além de um café ou chá quente, um local tranquilo talvez com um bom jazz de fundo, uma atmosfera propicia e de estar inspirada, não tenho propriamente uma rotina antes de começar a escrever. No entanto, aprendi que manter certos factores em mente por detrás de tudo o que faço em expressão criativa me ajuda bastante, e são esses mesmos factores que venho aqui partilhar hoje.
Não Tentes Agradar Aos Outros
Apesar de ser um ponto tão lógico, sinto que ainda está bastante presente na nossa sociedade a necessidade de agradar aos outros, acaba por ser apenas humano fazê-lo, no entanto no que toca a executar algo criativo, sinto que é extremamente importante fazê-lo de mente aberta e livre de todos os preconceitos, sendo simplesmente nós próprios e consequentemente podermos criar algo genuíno e único. Claro que no estado em que a internet está hoje em dia, possa ser bastante tentador criar conteúdo apenas para agradar as grandes massas de forma a ganhar seguidores o mais rápido possível. No entanto, a longo termo, quando produzimos algo com o qual realmente nos identificamos, a motivação para o continuar a fazer vem naturalmente, ao invés de quando criamos algo com o único intuito agradar os outros pode acabar por se tornar num fardo mais depressa do que esperamos e eventualmente deixamo-nos afectar de forma negativa a nossa motivação e consequentemente pode até fazer-nos desistir de continuar.
Descontecta-te do que manda abaixo
Sejam pessoas tóxicas que não te apoiam ou sequer conseguem expressar felicidade pelas tuas conquistas pessoais, sejam pessoas que dúvidam das tuas capacidades, seja das redes sociais, o que for que seja que te desmotiva, simplesmente desconecta-te disso! Por vezes é mais difícil de identificar os factores contribuintes para a nossa desmotivação repentina do que pensamos, mas a verdade é que assim que os descobrimos, ao afastarmo-nos deles a nossa motivação sofre um grande impacto positivo. No meu caso, por exemplo, algo que me afecta bastante de forma negativa no que toca a motivação são sem dúvida as redes sociais. Podem ler mais sobre isso neste post aqui, se tiverem interesse neste assunto. Para mim, é difícil delinear os limites entre a busca de inspiração e apoiar o trabalho dos outros, e as dúvidas existenciais no que toca ao que produzo. Uma forma simples que encontrei de reduzir esse impacto negativo ao máximo foi trocar o tempo que passava agarrada às redes sociais por coisas criativas ou com valor significativo no meu dia-a-dia.
Permite-te a liberdade e espaço de expressão
Todos os meus artigos começam por ser uma completa mescla sem sentidos, nem acreditam. Por vezes começo por escrever um artigo com algo em mente e o foco principal acaba por ser outro completamente diferente. Outras vezes, abordo um tema e passadas umas semanas, ao reler o artigo percebo que na realidade se tratam de vários temas e que podem por isso resultar em mais do que um artigo. A minha caixa de rascunhos está a barrotes na maioria do tempo. Alguns desses artigos tornam-se públicos por vezes passados meses a marinar, outros vão direitos para o lixo assim que os volto a ler por já ser tarde demais para serem abordados ou porque foram escritos num mau mindset e precisam de ser reformulados. Pessoalmente não vejo problema nenhum nisso. Entre quantidade e qualidade, sempre preferi qualidade em tudo o que faço e se não me sinto cem por cento confiante do que estou a tornar público prefiro não o fazer.
Não apontes para a perfeição logo no inicio
Tudo que toca a aspectos criativos exige prática e tempo, e eu sei o quão irritante pode ser ler isto, pois todos passamos pela tesão de principiante no que toca a querer fazer algo perfeito desde o início. Mas a verdade é que quanto mais o fazemos, mais fácil e natural se torna. A confiança sobre o que fazemos cresce à medida que o vamos fazendo, ao olharmos para trás e percebemos a nossa evolução enquanto criadores. Nunca nos devemos sentir envergonhados pelo nosso começo quando comparado ao que criamos no presente. Na mente de alguém criativo nunca nada está terminado ou bom o suficiente, existe sempre algo a melhorar. E apesar de ser fácil usarmos isso contra nós próprios aka síndrome impostor, a verdade é que pode trabalhar bastante a nosso favor também, pois estamos não só a desenvolver um bom sentido critico dentro de nós mas também nos ajuda a longo prazo a conseguir identificar os pontos em que temos algo a melhorar. Na grande maioria das vezes, a pessoa que se encontra do outro lado tem um mindset completamente diferente do nosso e não vê nem um terço das "falhas" que, enquanto criadores, nós vemos no nosso próprio trabalho. Por isso, não tenham medo de se soltarem um pouco do perfecionismo, especialmente no inicio. É bem mais importante sermos nós próprios e no geral as pessoas apreciam isso muito mais também.
Encontra um sistema que funciona para ti
É escrever palavras chave soltas e trabalhar em volta disso que funciona para ti? Ou talvez, regurgitar tudo num diário privado? Escrever como se fosse uma carta a um amigo próximo? Tudo o que importa é que continues a fazê-lo da forma que funciona melhor para ti pessoalmente. Conforme referi, o sistema que funciona comigo é escrever sobre tudo o que tenho em mente numa mistela estranha e sem regras, usando e abusando dos rascunhos e voltando a estes para reformular os meus pensamentos mais tarde. Este processo pode demorar bastante tempo, especialmente porque não gosto de forçar ideias e simplesmente trabalho nos temas que me apetece no momento. Muitas vezes, estou a meio de um artigo que fala sobre um assunto e se me sinto aborrecida, paro, guardo e salto para outro artigo com um tema completamente diferente, simplesmente porque estou com a disposição para abordar tal tema e quero aproveitar o momento. Pessoalmente não vejo problema nenhum com isso, mas mesmo que tenhamos prazos de entrega é tudo uma questão de organização dentro do caos.
Não te compares a outros
Este é o maior monstro no que toca a sabotar o nosso próprio trabalho, acredita. E apesar de ser bom ver o que os outros andam a criar, seja para apoiá-los, seja para percebermos onde nós nos encaixamos também. Mas é aí que a linha deve separar as coisas. É importante evitarmos a todos os custos cair na tentação de nos compararmos aos outros. Nunca sabemos o que os outros estão a passar por detrás do que transmitem cá para fora por melhor que pareça aos nossos olhos. A maioria das vezes temos tendência a comparar-nos com padrões pouco realistas ou pessoas que aos nossos olhos são bastante superiores, quando na realidade essas pessoas são iguais a nós e apenas têm mais experiência e dedicaram mais tempo e empenho ao seu próprio trabalho. Pensem nisto, sempre que nos comparamos a alguém que consideramos "inferior" a nós, sentimo-nos relativamente bem, certo? No entanto, sempre que nos comparamos a alguém no outro lado do espectro acabamos por nos desmotivar na maioria das vezes. Toda a gente começa por algum lado e existe sempre algo a melhorar, por isso mesmo que estejamos a olhar para o trabalho de alguém e a idolatrá-lo enquanto mandamos abaixo o nosso próprio trabalho, essa mesma pessoa pode estar a passar exactamente pelo mesmo em relação ao trabalho de outra pessoa ou até por vezes ao nosso.
Não tentes ser alguém que não és
Ou sabes que mais? Sê-lo se é isso que te motiva e te faz feliz. Muitos escritores e artistas têm alter-egos, porque não poderemos ter também? Pessoalmente não funciona comigo, pois sinto uma enorme dificuldade em ser algo diferente do que eu mesma e, especialmente no que toca a criar algo, não consigo mesmo fugir da minha essência. É isso que pessoalmente me faz pensar que trago algo de diferente. Todo o conteúdo já está criado, no entanto é a minha visão pessoal baseada nas experiências que me moldam que dão ao que crio um toque diferente ou único. Mas se de alguma forma criar uma personagem ou alter-ego te ajuda a sentir confortável para te expressares e é isso que te motiva a continuar, então fá-lo! O mais importante é sentirmo-nos realizados e de bem com o que estamos a fazer para dar uma continuação natural ao processo.
Sempre excelente!...
ResponderEliminarObrigada!!! <3
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