Desculpa. Como assim dez anos?
"Um terço da tua vida na Holanda." - diz-me o David ao almoço.
Certamente não haverá melhor forma de começar este post, e para quem leu o "Mudar de País", o motivo desta afirmação fará ainda mais sentido. Se ainda não o fizeram, recomendo para contextualizar melhor a coisa.
Como já os velhinhos dizem "É verdade. Dez anos!". Dez anos que se passaram num piscar de olhos e que aglomeram tantos acontecimentos importantes da minha nossa vida.
Importante ressaltar que não se tratou de uma mera década, mas sim de um período de vida, já por si bastante atribulado. Tinha eu vinte e um anos quando assentei pés nesta terra para ficar. Uma criança que julgava já saber muito sobre isto de viver.
Há precisamente dez anos, estaria completamente vulnerável em lágrimas no avião despedindo-me da terra que me criou, com destino à que vim chamar de casa, e da qual não faço intenções de arredar o pé tão cedo.
Enquanto o David me perguntava "e que tal é a sensação de estares cá há dez anos?" tive a certeza de que agora não haveria melhor lugar para estar e essa é, sem dúvida, a melhor realização que poderia ter para celebrar esta última década.
Foi difícil tomar a decisão de sair do país à beira-mar com o céu azul mais lindo que já vi? Deixar amigos e família a mais de dois mil quilómetros de distância e começar tudo do zero? Foi. Se o faria novamente? Num piscar de olhos.
É certo que recomendo a toda a gente morar fora do seu país de origem, pelo menos uma vez na vida. É toda uma experiência enriquecedora que nos abre os horizontes de uma forma sem igual. E é também certo que é um daqueles típicos clichés, mas sem dúvida que mudar de país obrigou-me a ver tudo de outra perspectiva. Aconteceu como que uma espécie de reset dentro de mim. Foi, sem dúvida, o empurrão que precisava para sair do buraco onde me encontrava e que no momento me parecia impossível de escalar.
Em dez anos, muitos foram os momentos de reflexão e crescimento. De fazer pazes com o passado, perder o medo de mudar e ganhar coragem para conquistar os bichos de sete cabeças, que, na verdade, rapidamente se transformaram nos passos mais importantes para melhorar o rumo da minha vida.
Neste espaço de tempo conheci tanta coisa nova que seria simplesmente injusto condensar tudo num só post. Foram (e são) tantas as línguas e culturas com que me cruzei, os lugares que visitei, alguns até viagens de sonho desde criança que de outra forma seriam muito dificilmente alcançáveis. Tantas pessoas que conheci, amigos que ficaram para a vida e outros que reencontrei cá. Visitas de familiares e amigos que nunca haviam saído de Portugal. Milhares foram as memórias captadas em fotografia neste país. Centenas certamente já foram as calinadas na língua holandesa, e não nos ficaremos por aqui. Imensos já foram os postais trocados sempre com um toque de melancolia. E os abraços à chegada e partida ganharam todo um outro gosto.
Apesar do início meio envergonhado e nervoso (oh, tão nervoso!), rapidamente demos por nós a assinar a escritura da casa onde vivemos e que já tantas histórias tem para contar. Foi dentro destas paredes que a nossa família se multiplicou, e tenho a certeza que não será agora que nos vamos acanhar no que toca a acontecimentos marcantes.
Estão longe, mas sempre perto nos pensamentos...
ResponderEliminarQue os próximos 10 anos sejam ainda melhores...
Beijos e carinhos para todos, com saudades...
E com mais visitas para dar a conhecer os cantinhos mais lindos!
ResponderEliminarUm abraço muito forte cheio de amor