VAMOS FALAR | REDES SOCIAIS


Apesar de ter entrado no mundo das redes sociais consideravelmente tarde, ainda me lembro de serem minimamente limpas de anúncios de grandes corporações e dos já tão famosos influenciadores digitais. As redes sociais eram simplesmente um grupo de plataformas online utilizadas com o propósito de partilhar conteúdo genuíno e com o intuito de nos fazer sentir parte de uma comunidade com os mesmos interesses que nós.

Se as revistas, televisão e rádio são canais com apenas uma via, as redes sociais vieram mudar isso completamente e, num piscar de olhos, trouxeram voz à até então exclusiva audiência. Nos tempos que correm, não só consumimos conteúdo produzido por outros como temos a capacidade de comentá-lo e partilhar a nossa opinião com o mundo inteiro.

Por muito bom que isso possa parecer em teoria, e apesar de não ser culpa exclusiva das redes sociais, na prática trouxe também consequências negativas por arrasto.

De certo que todos já sentimos, uma ou outra vez, que passamos demasiadas horas dos nossos dias a scrollar por entre as redes sociais ao invés de interagir no mundo real. Eu pelo menos senti isso e sinceramente resultou num estado de extremo aborrecimento e frustração. Confesso que tenho umas certas saudades de sentir borboletas na barriga com uma pequena troca de olhares entre estranhos ao invés de me sentir completamente sozinha num espaço cheio de gente a olhar para o telemóvel, da mesma forma que sinto um tanto ou quanto saudades dos primórdios das redes sociais, onde não existiam segundas intenções por detrás de uma foto nem tanto conteúdo demasiado produzido com a principal preocupação obter o maior numero de gostos e visualizações no meio do mar de conteúdo patrocinado.


O lado comercial das redes sociais


A partir do momento em que as grandes corporações perceberam o impacto que anúncios através de influenciadores digitais trazia às vendas, especialmente quando comparados a outros métodos mais tradicionais, as coisas começaram a ficar desinteressantes, para mim pelo menos, enquanto utilizadora das redes sociais e criadora de conteúdo. 

Vivemos numa altura em que apreciamos cada vez mais as experiências e preferências pessoais uns dos outros ao invés dos anúncios hiper produzidos pela media tradicional e com isso obviamente que as grandes corporações não poderiam deixar escapar a oportunidade de subir ainda mais as vendas através de anúncios escondidos ou conteúdo patrocinado demasiado restrito a um texto pré-escrito. 

Com este fenómeno, as redes sociais e blogs começaram a ser vistos como uma forma fácil e rápida de obter retorno monetário, o que consequentemente criou uma explosão de pessoas dedicadas a criar conteúdo promocional. Conteúdo esse em que muitas vezes não acreditam, que não é único ou pior ainda, não é verdadeiro. Espalhar informação errada, especialmente quando se tem um grande numero de seguidores pode ser algo bastante irresponsável e infelizmente isso tem-se tornado cada vez mais frequente face ao intuito de apenas fazer dinheiro e a falha na pesquisa de informação em fontes fidedignas sobre certos produtos, dietas, estilos de vida ou até questões que põem em risco a saúde pública aka o já tão polémico caso das vacinas.

Desde que mudei a minha conta de Instagram para "profissional" inúmeros foram os emails recebidos por parte de agências a vender serviços para aumentar o número de seguidores, aumentar a visibilidade, etc. Consigo até perceber que seja tentador recorrer a tal serviço quando se trata de um negócio ou questão de obter mais popularidade, mas isso não é de todo o meu caso e ser confrontada com essa pequena realidade por detrás de muitos blogs e contas de redes sociais por vezes desencoraja-me um pouco para ser sincera. Uma coisa é quando se partilha algo em que de facto acreditamos ou gostamos, mas torna-se tão evidente, independentemente dos esforços, quando se trata exclusivamente de uma questão monetária. 

Claro que não existe nenhum problema em fazer dinheiro a partir de publicidade, mas então chamemos as coisas pelos nomes em vez de tentar esconder o óbvio, pois isso apenas cria falta de confiança e põem-nos a todos no mesmo saco. Para além disso cria uma saturação massiva o que consequentemente resulta no desinteresse por parte dos consumidores/seguidores ou o que quiserem chamar.

As redes sociais são uma ferramenta poderosa

Começamos a ser comparados uns aos outros em tenra idade, assim que nos inserem no sistema de ensino pela primeira vez. E apesar de isso poder beneficiar alguns quando feito com conta e medida, o facto é que pode também ser a aragem que nos faz desequilibrar para dentro de um poço de inseguranças e síndrome de impostor, por mim falo pelo menos. 

É óbvio que toda a gente quer partilhar a melhor fachada das suas vidas nas redes sociais, apenas faz sentido que assim o seja pois no final de contas são também os melhores momentos que guardamos nos álbuns fotográficos. No entanto, quando toda a gente se encontra tão focada em criar algo apenas pela popularidade e valorização dos outros, uma cota parte de genuinidade e toque pessoal acaba sempre por se perder num conteúdo demasiado produzido. Como consequência, sobrelotasse a capacidade e de repente tudo parece superficial e desinteressante, particularmente tendo em conta a quantidade de pessoas a utilizar as redes sociais hoje em dia.

Cada um de nós é responsável por aquilo que coloca online, da mesma forma que o somos em relação às nossas atitudes ou o que dizemos. No entanto, ver tanta gente a partilhar de forma tão liberal sobre as suas vidas pessoais, como que voo estão a apanhar, com quem estão, onde estão e por aí fora, pode-nos tentar a fazer o mesmo sem antes pensar duas vezes, apenas com o propósito de sentir que nos encaixamos nalgum lugar. De certo que todos temos algo que nos arrependemos de ter colocado online uma ou outra vez, especialmente depois de sermos confrontados com o enorme cruzamento de dados que existe hoje em dia entre websites, apps e empresas. Mais nos vale oferecer a nossa privacidade numa bandeja de prata.

Não posso negar que as redes sociais têem um papel importante em três factores - espalhar consciência sobre assuntos importantes de uma forma rápida e eficiente, trazer a facilidade na comunicação com pessoas espalhadas pelo mundo fora e consequentemente encontrar pessoas com os mesmos interesses que nós, e uma vez que o assim é, aprender bastante com as diferentes culturas a partir de um ponto de vista mais pessoal. 

De todas as formas, e uma vez que toda a gente tem acesso a este meio, logicamente também iremos encontrar pessoas com diferentes tipos de mentalidade e propósitos. Se num minuto estamos a discutir e a aprender com alguém educado, no momento a seguir estamos a disputar o nosso ponto de vista com alguém que não tem qualquer tipo de educação no assunto ou sequer pondera aceitar as nossas palavras como uma possibilidade viável.



Como muitos de vocês repararam, passei uma boa mão cheia de meses afastada das redes sociais e internet no geral. A verdade é que eu, assim como muita gente, passei por mais um período de falta de inspiração. Senti que tudo o que criava era apenas mais uma gota perdida no oceano e que não trazia nada de novo ou benéfico. Não estava feliz com o que criava porque não me sentia bem comigo própria. Demorei algum tempo a perceber a maior razão por detrás disso, sendo esta a importância que estava a dar às redes sociais. Chegou o momento em que tive de dar um passo atrás e afastar-me de todos os cafe-lattes nas coffeeshops hipster e dos brunch saudáveis e tostas de abacate com unicórnios no topo para me recolher a mim e aos meus pensamentos. 

Passou-se quase um ano desde que decidi encerrar a maioria das minhas contas nas redes sociais e honestamente se não fosse esta uma forma de manter contacto mais directo convosco e dar a conhecer o meu blog a mais pessoas, não pensaria duas vezes nos tempos que correm antes de fechar também a minha conta de Instagram. Por mais divertido que possa ser por vezes, a verdade é que já pouca ou nenhuma é a inspiração ou motivação que me traz face à frustração de lidar com outros aspectos.

Se calhar esgotei a paciência com certas plataformas. Se calhar sinto só necessidade de uma nova plataforma limpa de conteúdos demasiado produzidos, ou simplesmente devia só fechar todas as minhas contas em redes sociais. Quem sabe.

Chegamos ao fim da divagação. Digam-me vocês o que pensam e sentem sobre este assunto.



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