Hoje marca o segundo mês de vida da Eva e aqui estou eu a escrever mais um post no blog com ela nos braços.
Antes da Eva ter nascido fui constantemente bombardeada com opiniões e conselhos de outras pessoas, sendo país ou não, mas especialmente de mães, claro.
Frases como "congela comida porque nos primeiros meses não vais conseguir fazer nada", "a casa-de-banho vai-se tornar o teu santuário, se tiveres sorte" e "esquece lá tomar banho, aproveita mas é para descansar" nunca me assustaram. Na verdade, sempre pensei que no geral as pessoas dramatizavam um pouco e que me habituaria à nova rotina rapidinho.
De facto, não fiquei muito longe da verdade. Claro que tenho alguns momentos em que gostava de poder por tudo em pausa à minha volta para poder fazer as minhas coisas, mas sinceramente não acho que me possa queixar muito.
Nunca pensei que ser mãe fosse uma tarefa fácil, especialmente no início, e talvez tenha sido essa forma de pensar que me fez levar as coisas todas de uma forma mais calma.
Obviamente, não estou a criticar a experiência de ninguém. Cada criança e pai é diferente, mas deixem-me que vos diga que a Eva por vezes também consegue ser uma tough little cookie, não deixem que o ar de anjinho vos engane.
Ainda posso tomar os meus duches, ir à casa-de-banho, preparas as minhas refeições e comê-las também. Tudo isto desde o primeiro dia.
A grande diferença é que tenho dedos de sobra para contar as vezes que saí do chuveiro sem a ouvir chorar, ou que mal encosto a nádega ao assento da sanita ela não começa a gritar desalmadamente por mim. E comer, bem digamos que desisti de comer pequenos-almoços, e o resto das refeições ou como em pé com ela nos braços ou como frio (ou ambos). Tudo isto pode ser um pouco frustrante por vezes.
É como se ela me lê-se o pensamento a grande maioria das vezes. Pode estar bem sossegada a dormir que assim que eu penso em fazer alguma coisa, ela automaticamente acorda e pede atenção. Para a minha sorte, tenho o David do meu lado que me ajuda não só nas tarefas como a manter o meu equilíbrio mental. Se não fosse pela paz de espírito que ele me traz, uff...
É engraçado como a vida muda e com ela a perspectiva das coisas também. Agora o chuveiro tornou-se no meu local de paz onde posso simplesmente focar-me no barulho da água a cair e relaxar. Desde que a Eva nasceu que cada duche, não interessa o tempo que demore, me faz sentir renascida.
A Eva está neste momento sentada ao meu colo a pontapear a ponta do meu portátil com os seus pequeninos pés, e eu mal consigo acreditar na rapidez com que cresceu nestes últimos tempos.
Desde à umas semanas para cá ela tem estado a dormir no berço e, excluindo uma vez ou outra que ela sofre com cólicas, temos tido a sorte de ela dormir em torno de quatro horas de seguida, acordar a meio da noite exclusivamente para mamar e volta logo a dormir sem qualquer problema. Bem, isto até ser de manhã cedo, porque se ela abre os olhos e decide que o dia deve começar ali, então nada a fazer senão levantar e dar-lhe atenção. Mas assim que ela começa a palrar toda feliz, toda e qualquer rabugice minha desaparece.
Nem quero acreditar que mais umas semanas e estou de volta ao escritório e à minha rotina de trabalho, e com isso a Eva vai passar os dias inteiros na creche. É tão injusto passarmos a maioria das nossas vidas na creche, escola e depois escritórios.
Lembro-me de ser criança e pensar no tempo que realmente passava com os meus pais por dia. Cheguei rapidamente à conclusão que, se não fosse pelos fins de semana, só via os meus pais umas horinhas por dia, já cansados do trabalho, antes de me deitar. Quão mau isto é? Por um lado não quero que a Eva passe pelo mesmo, por outro preciso continuar a trabalhar e que mais me resta senão aproveitar todos os segundos que temos juntas. Pelo menos, por enquanto ela ainda quer passar tempo comigo, vamos lá a ver como é que isso vai resultar quando ela for adolescente.
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