Este post chega-vos um pouco tarde por uma boa razão.
O post original (abaixo) foi escrito no dia quinze de Novembro enquanto a Eva ainda me pontapeava as costelas na tentativa de encontrar mais espaço. Neste momento já se encontra aqui deitada ao meu lado, onde não só a posso ver como também tocar. Estou derretida!
A Eva nasceu na manhã de dezoito de Novembro e eu não consigo encontrar palavras para descrever o orgulho que sinto de nós os três neste momento, por isso vamos deixar essa história para outra altura.
Para já, deixo-vos um pouco da minha experiência pessoal enquanto grávida e esta fotografia da coisinha mais especial e bonita que criei até hoje. A sério, não há palavras.
Hoje deu-me uma vontade súbita de partilhar convosco a minha experiência pessoal enquanto grávida. Engraçado que se me tivessem perguntado à uns tempos atrás se estaria a fazer isto um dia, o mais certo seria rir-me na tua cara e dizer "Nem pensar!". Mas achei que talvez seria interessante não só para as mães ou futuros pais, mas também para que vocês desse lado possam conhecer um pouquinho mais sobre mim e a experiência mais maluca e linda que tive até hoje.Lembro-me de ter o quê... Provavelmente vinte e um, vinte e dois anos e sentir uma vontade enorme de ser mãe. Na altura a ideia de ser mãe pareceu-me incrível, apesar da falta de estabilidade que a minha vida tinha e de ser um pensamento aplicado ao futuro. Dito isto, acho engraçado que aos meus vinte cinco, vinte seis anos de idade, a ideia de ter um filho me assuste para xuxu. Não especificamente a ideia de estar grávida e o acto de ter um filho, mas todo o conceito de trazer uma nova pessoa ao mundo e ser responsável por educá-la de forma a tornar-se uma mais valia para todos, se é que me faço entender.
Não foi de todo planeado e a notícia chegou-nos como uma surpresa enorme, por isso exigiu um grande esforço emocional e consciente até tomarmos uma decisão.
Pensamos sempre "talvez um dia quando a minha vida estiver mais estável, mas por agora não". Depois, realizas-te que já imensos anos se passaram e ainda não estás preparada(o) para a ideia. Spoiler alert: O mais provável é nunca te sentires verdadeiramente preparado para ter um filho. Isto é, pelo menos até o teres nos braços pela primeira vez.
Eu também me senti assim e apercebi-me com o tempo que nem nunca tinha colocado a hipótese realmente em perspectiva. Quando é que nos sentimos estáveis na vida? Quando temos o trabalho perfeito, a casa e o parceiro de sonhos? A vida não é perfeita. Se passares o tempo à espera de alcançar todos os teus sonhos, o mais provável é dares por ti a ter um filho depois dos quarenta e tal ou a não ter de todo.
Eu apercebi-me disso apenas à uns tempos, quando descobri que estava grávida, ao pensar que não era de todo o momento ideal e que não tinha estabilidade nenhuma na vida. A verdade é que, analisando bem a questão, nunca antes tive a vida tão estabilizada.
Se há uns anos atrás me perguntassem onde estaria eu neste momento, garanto-te que na minha ideia não teria nada a ver com a realidade de hoje.
Sejamos honestos, o meu trabalho que seria apenas temporário tem-se vindo a arrastar à mais de quatro anos para cá. Não é de todo o meu emprego de sonho (pff nem eu sei o que isso é para mim) mas trago o dinheiro necessário para casa e saio do escritório sem qualquer responsabilidade para o resto do dia. Além disso conheço pessoas de todo o lado do mundo com as mais diversas culturas, que fazem de mim uma pessoa mais rica. Estou a viver num país onde nunca antes tinha pensado viver e no qual não falo de todo fluentemente a língua de origem. Não faço ideia de onde vou estar num futuro próximo e só de pensar nisso fico com os nervos em franja. Mas por outro lado tenho a sorte de ter a minha pessoa preferida ao meu lado, que me tem vindo a apoiar todos os dias ao longo destes anos todos, e só posso estar grata por isso. Tenho a certeza que se não estivéssemos juntos não teria a vida que tenho hoje, e por isso apenas posso agradecer do fundo do coração.
Acredito que se a Eva decidiu que este seria o momento certo para nos fazer esta surpresa então, e como todas as coisas boas da minha vida, é porque de facto é o momento certo.
Acabámos de comprar e mudar-nos para uma nova casa e ainda temos mil coisas por desempacotar, renovações para fazer e tudo o mais. Mas a vida é todo um processo constante e não dá para esperar que esteja tudo nos trinques para andar com ela para a frente. O tempo não pára à espera que nós estejamos confortáveis. Eu aprendi a deixar-me levar em certas coisas na vida e aproveitar os melhores momentos que tem para me dar. Apesar de apenas estarmos a viver nesta casa à menos de um ano, já tem toda uma história, super importante na minha vida, colada às paredes, e eu não posso estar mais grata por isso!
Para além disto, e voltando um pouco ao assunto, fisicamente, estar grávida não foi de todo tão difícil quanto pensei ser. Para ser sincera, a parte mais difícil para mim foi ter de lidar com os comentários das pessoas no geral, e acredito que no que toca a educar uma criança o problema seja o mesmo. Claro que há dias em que só me quero voltar a sentir eu mesma, seja porque sou vista como um pinguim enorme ou porque não me consigo ver ao espelho. Mas na sua maioria é um processo espectacular.
As primeiras semanas foram terríveis. Não só o passar o tempo mal disposta e a vomitar, sentir todos os cheiros (incluindo o meu próprio) de uma forma extremamente intensa, mas o pensar demasiado sobre o facto da minha vida nunca mais voltar a ser a mesma depois da Eva nascer. A sensação esmagadora da quantidade de responsabilidade que está por vir.
O ter de ouvir as histórias de outras mulheres sobre as próprias gravidezes, como se o processo fosse igual para todas. Ter os olhos de outros constantemente focados na minha barriga e peito gigante (sim, cresce de uma forma absurda). Ter todo o tipo de pessoas a esfregarem a minha barriga como se fosse uma lanterna mágica, sem antes ponderarem perguntar se me importo que me toquem numa área do corpo mais destinada a momentos íntimos. A preocupação de ser esmagada em transportes públicos em hora de ponta. Ter de acordar milhentas vezes ao longo da noite para ir à casa de banho, para não falar no tempo demorado a tentar sair da cama e a voltar a ficar confortável. Sentir-me tudo menos atraente e pensar em sexo como uma possibilidade bem remota. Comer todo o tipo de porcaria de forma descontrolada, até coisas que não gostava antes. Ter de ouvir comentários (supostamente) engraçados de outras pessoas como "de certeza que é só um aí dentro?", "wow, estás mesmo com aspecto de grávida", "deves estar quase a rebentar, não?" e por aí fora.
Tudo isto é suportável quando me apercebo que estou a passar pela experiência mais extasiante da minha vida. É por causa de mim, e do pai também claro, que uma nova pessoa está a ser criada. Mas é de mim que esta nova pessoa é dependente nos próximos meses e sou eu e o meu corpo que gera energia e nutrientes necessários ao crescimento saudável desta nova vida. Sou eu que a sinto constantemente dentro de mim e que "alugo" o meu corpo com o maior prazer para a fazer crescer.
Toda esta experiência mudou-me bastante. De uma maneira que nunca pensei ser possível. Sinto-me uma pessoa mais calma e consciente. Até os momentos aborrecidos à espera de transportes ou consultas se tornaram interessantes quando me lembro que estou a sentir uma pessoa dentro de mim e que não há sensação igual.
Estamos agora a caminho das quarenta e uma semanas de gestação e, apesar de ter estado sempre tranquila, a possibilidade de ser um parto induzido começa a ficar mais perto, o que me deixa bastante nervosa. Não me importo de todo tê-la dentro de mim o tempo que ela considerar necessário, desde que esteja bem e saudável. Muito em breve vamos conhecer uma pessoa que nos vai mudar a vida para sempre. Uma nova pessoa criada a partir da minha pessoa favorita no mundo e de mim mesma. Por isso, aconteça o que acontecer não poderia estar mais feliz.
Para a minha pequena Eva e o pai dela, tenho todo o amor que consigo guardar.
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