MÃES FELIZES

barriga de grávida

Até à cerca de uns anos atrás, o meu dia da mãe consistia em basicamente fazer uns colares de massas secas, postais e desenhos para a minha mãe. Nada demasiado trabalhoso ou por aí além, mas era o nosso dia de lhe demonstrar um amor extra.

Desde então até ontem, este dia passou a ser mais um dia como os outros, em vez de postais e coisinhas feitas à mão simplesmente desejava um feliz dia à minha mãe e pronto.

Isto porque sinceramente, considero este dia apenas mais um dia comercial como tantos outros. Pessoalmente não sinto necessidade de ter um dia especifico uma vez por ano para me relembrar de fazer bem à pessoa que me pôs no mundo ou sequer de lhe desejar um dia feliz. Dou por mim a relembrar-me da minha mãe todos os dias desde que me lembro de existir. Talvez não lhe demonstre o quanto gosto dela da melhor forma por vezes, mas isso é o meu problema, está na natureza do ser humano, pelo menos do meu. Não sou de todo a melhor a expressar os meus sentimentos com a grande maioria das pessoas, o que pode ser bastante frustrante por vezes.

Sempre apreciei a maternidade e tudo o que a minha mãe teve de passar física e psicologicamente para que eu pudesse estar aqui agora. Assim como o meu pai, irmão, avós e todas as outras pessoas que fizeram parte da minha educação e crescimento. Mas realmente entender o núcleo da questão apenas veio junto com a experiência de eu ser mãe também.

Ontem dei por mim a passar pelo meu primeiro dia da mãe. A Eva ainda é demasiado pequena para sequer saber que a nossa sociedade incute um dia por ano para apreciar a maternidade, e isso não tem mal nenhum. Na verdade até é melhor assim, porque ela passa cada segundo do dia a amar-me como se eu fosse única no mundo e isso é tão bom. Ela não precisa de me fazer um postal, um colar de massas, comprar-me flores ou mimar-me com jóias caras e um pequeno-almoço na cama. Simplesmente olho para ela e vejo o amor incondicional reflectido nos olhinhos dela e isso faz o meu dia, todos os dias.

Passei o dia a fazer nada de especial. Não acordei com o pequeno-almoço na cama, flores, ou sequer um postal a desejar feliz dia da mãe com um ursinho piroso a agarrar um coração. Em vez disso, assim que a ouvi palrar no quarto ao lado, levantei-me e passei o dia a brincar com ela enquanto toda a gente ainda dormia. Dei-lhe banho, o pequeno-almoço e assim que ela adormeceu toda esticada em cima da minha barriga, levei-a de volta para o berço. Isto fez a minha manhã mais feliz, apesar de passar o resto do dia em modo zombie e preocupada enquanto ela teve a primeira febre da vida. Mas ser mãe é isso mesmo, não é?

Colocar o bem estar dos filhos no topo de tudo. Cobrir as olheiras com carradas de maquilhagem antes de sair de casa para evitar ainda mais comentários alheios. Levantar super cedo de manhã apesar de poder dar o dedo do meio para mais cinco minutos na cama. Deixar de saber o que é dormir mais do que três a quatro horas de seguida. Dizer as coisas mais parvas providas de um cansaço crónico por falta de dormir as horas suficientes. Sentir frustrada por ainda não caber naqueles jeans que tanto gostamos. Comer refeições frias e interrompidas. Olhar ao espelho e perguntar se alguma vez te vais sentir atraente de novo. Ser constantemente interrompida quando menos precisas ser. Não comprar aquele vestido lindo ou o que quer que seja para nós próprias e em vez disso comprar brinquedos ou roupa para os filhos. Adormecer nas posições mais desconfortáveis e acordar com um torcicolo apenas para que o teu filho durma descansado e confortável na tua cama depois de um pesadelo. Sair de casa com nódoas na roupa e nem querer saber porque não há tempo para voltar atrás. Sentir o coração despedaçado cada vez que o filho está doente. E a lista continua.

Tudo isso compensa, porque ser mãe também é passar o dia inteiro a sonhar no momento em que podes voltar a segurar o teu filho nos braços. Ver o sorriso mais lindo e único no mundo. Sentir as mãozinhas mais pequenas e o toque mais suave e delicado enquanto adormece ao colo. Olhar nos olhos do teu bebé enquanto amamenta. Sentir que podes fazer tudo na vida porque conseguiste parir um bebé. Saber que tomaste a decisão certa e mais difícil da tua vida e sentir orgulho disso. Dar por ti a olhar para o teu filho horas seguidas enquanto o vez crescer à frente dos olhos.

Para todas as mães, todas as mulheres que perderam os filhos, àquelas que ainda não conseguiram engravidar, desejo-vos uma vida feliz. Aproveitem cada momento da vida, como eu sei que irão, e tirem sempre o melhor partido de tudo.

A todos os que ainda não são pais ou que perderam as suas mães, tentem lembrar-se de todos os melhores momentos e tudo o que a vossa mãe teve de passar para que estivessem aqui e apreciem isso todos os dias. A vossa mãe pode ser fisicamente vos pôs no mundo, a pessoa que vos educou, que vos aconchegou na cama todos os dias, que passou noites preocupada sobre a vossa saúde ou que adiou a sua própria vida para poder tomar conta da vossa.

Apreciem isso a cada segundo das vossas vidas. Sempre.




Sem comentários

Enviar um comentário