IMAGEM CORPORAL

imagem corporal

Já à tempos que ando a remoer este assunto na minha cabeça. Diz que é preciso alguma coragem, mas finalmente consegui reunir os meus pensamentos e cá estão eles hoje.

Imagem corporal. A definição diz: "Uma imagem subjectiva sobre o nosso próprio aspecto físico estabelecido por ambas observação própria e notar as reacções de outros".

Dito isto, torna-se clara a diferença entre a forma como o nosso corpo realmente é e a ideia que nós temos sobre ele. Quando digo corpo estou a incluir da cabeça aos pés, portanto tudo pelo meio. Assim como a influência dos comportamentos e comentários das outras pessoas te afectam.

Nunca prestei grande atenção à minha aparência. Digo isto referente a estilo de cabelo, maquilhagem, roupa e esse tipo de coisas. Mas no que toca a corpo, oh é uma conversa totalmente diferente.

Existe bastante a ideia equivocada de que apenas as mulheres sofrem com imagem corporal e complexos, e isso é tão errado. Rapazes e homens também sofrem com isso, senão até mais por vezes, mas por norma há que se manter o silêncio caso contrário podem-se passar por menos machos. Oh como eu adoro a nossa sociedade.

Acredito mesmo que nunca estamos completamente felizes com o que temos. E eu não sou diferente.

Quando era criança era tão lingrinhas que qualquer pessoa me conseguia levantar por um dedo. Por essa altura, a imagem corporal era um conceito completamente platónico. Já entrando na adolescência, provavelmente por causa das diferenças hormonais todas, comecei a sentir grandes reviravoltas nas curvaturas do meu corpo. Fui a primeira rapariga a desenvolver o peito na minha turma, o que foi bastante estranho e desconfortável na altura. Ainda me lembro de uma das minhas professoras comentar com outras o quão rápido me tinha desenvolvido em comparação ao resto das minhas colegas. A partir desse momento passei a ficar bastante consciente sobre a minha imagem corporal. Por isso, obrigadinha! Vêem, esse é o impacto que um simples comentário pode ter, especialmente na altura da vida mais desequilibrada.

Eu, como certamente grande parte das pessoas, passei a vida a ouvir comentários sobre quão gorda estava, quão magra estava, como o meu cabelo parecia, como as minhas pernas eram e por aí fora, a lista não tem fim.

Não foi até atingir os meus vinte e picos que eu me tornei mais satisfeita e menos consciente sobre o meu corpo e comecei a deixar de lado todos os comentários. Digo isso de uma forma meio hipócrita porque qualquer comentário ainda me afecta de alguma forma, quando mais não seja naquele milésimo de segundo em que processo a coisa.

Enfim. Não foi até à relativamente pouco tempo que comecei a sentir-me novamente bastante consciente e a detestar por completo a minha aparência. Ganhei peso durante a gravidez e, especialmente depois de ter a Eva, vejo todas as falhas que o meu corpo tem. Deixei de me sentir eu mesma, pelo menos da forma como me sentia antes, perto do final da gravidez e, infelizmente, ainda não me encontrei a mim mesma.

A coisa engraçada no meio disto tudo é que, apenas agora olhando para todas as minhas fotografias anteriores consigo ver realmente como o meu corpo era na altura. Enquanto que na altura só conseguia ver-me ao espelho para encontrar todos os defeitos e falhas no meu corpo.

Não vou mentir. Alguns dias são bastante difíceis. O não caber nos meus jeans, soutiens e vestidos de pré-gravidez pode ser por vezes bastante frustrante. O balançar entre comer bem e o suficiente para continuar a produzir leite, mais exercitar sempre que posso e não ver grandes diferenças é verdadeiramente desencorajador na maior parte dos dias.

Ouvir pessoas dizer "Não te preocupes, se o teu corpo demorou nove meses a ficar assim, também vai demorar uns quantos mais a voltar ao que era" ou "Sim, de facto ganhaste peso mas pareces bem mais saudável agora" fizeram-me perceber que nunca hei-de agradar a ninguém, não só porque está na nossa natureza nunca estarmos completamente satisfeitos como sentirmos a necessidade de criticar tudo à nossa volta.

Não lhe vou chamar um sacrifício para o bem estar da minha filha, ou culpá-la de todo pela forma como me vejo agora ao espelho. Em vez disso, estou super orgulhosa do que o (meu) corpo humano é capaz de fazer. Todas as minhas entranhas moveram-se para conseguir acomodar um novo ser humando e isso, meus amigos, é a coisa mais louca de sempre. Posso demorar a voltar a parecer como era antes e sentir-me de novo completamente confortável com o meu corpo, mas nunca vou esquecer esta experiência e tudo o que aprendi com ela.

Aprendi a olhar-me ao espelho vendo-me a mim própria e a aceitar a forma como sou. Porque adivinha só. Não existe mais ninguém igual a mim mesma e isso é fantástico! Nunca ninguém vai ser eu ou eu vou ser outra pessoa. Eu, como todos nós, sou única e isso é do melhor que há.

Aprende a gostar de ti mesmo e a desprezar comentários alheios se te sentes bem como és. Porque tu és mais importante! Além disso, tenta elogiar mais, não só a ti todas as manhãs mas a pessoas na rua. Um pequeno elogio pode fazer toda a diferença a alguém.

A sociedade diz-nos para sermos magros, quando na realidade isso não implica em ser saudável. Sê antes consciente sobre o que consomes, como te aparentas na realidade e especialmente sente-te bem contigo próprio.

Toda a gente é bonita à sua maneira. Se fôssemos todos iguais o mundo era tão aborrecido.


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